terça-feira, 6 de setembro de 2011

o Teatro Italiano em Paris

Indicações gerais sobre a commedia dell'arte na virada do século XVII/XVIII em Paris - precisando resposta a uma questão levantada no seminário do Grupo das Luzes em 05 de setembro do 11:

em 1723 (data da première de La double inconstance, de Marivaux, e de cujo prefácio, na edição Folio, 2000, retiro essas observações), havia em Paris três teatros oficiais: A Academia Real de Música (= Opéra), o Teatro Francês ou Comédia Francesa e o Nouveau Théatre-Italien.

Marivaux destinará 21 peças para o Nouveau Théatre-Italien.

Desde o fim do século XVI, atores italianos residentes na França importaram para Paris a commedia dell'arte. Na 2a metade do século 17, Luiz XIV, que os apreciava muito, os tornou "Comédiens du Roi". Mas a coisa mudou quando sua mulher, Mme de Maintenon, acreditou-se satirizada pela troupe e, com ou sem razão, fez o Rei Sol fechar o teatro em maio de 1697. A tradição teve continuidade em alguns dos teatros não-oficiais - frequentados por Marivaux.

(Parênteses: Mme de Maintenon é destas personagens que valem uma investigação: governanta dos filhos de Luiz XIV, tornou-se sua "esposa secreta"- mas o que isso pode querer dizer? - após a morte da Rainha, em 1683. Em todo caso, uma lição podemos antecipar com base neste episódio: por que , homens e mulheres, não deixamosnossos conjugês em paz, quando só o que querem é um pouco de diversão? Estamos falando de ninguém menos que Luiz XIV, que, nisto quase como um burguês, terminou a vida privado dos italianos por causa de uma esposa ainda por cima "secreta"...)

E então, zap!, morre Luíz XIV e começa a Regência (1715). Por iniciativa de Filipe d'Orléans - ele, que pôs em voga "o hedonismo e o libertinismo", nas palavras de A. Hauser (Hist. social da arte e da literat., Martins Fontes, 2000, p. 500) -, uma nova troupe vinda da Itália (dirigida por ninguém menos que Luigi Riccoboni) instala-se em Paris e, com ela, o Théatre-Italien é reinaugurado em 1716.

Nossa fonte (êi-la aqui: trata-se do Prefácio da ed. Folio de La double Inconstance, mencionada acima, redigido por Françoise Rubellin, professora da Université de Nantes - envereda, então, para a identificação dos aspectos do novo teatro com a obra de Marivaux, o que mereceria outra postagem. Mas de um dado não posso furtar-me aqui: papeis de La Double Inconstance foram escritos por Marivaux visando atores determinados. O que dá uma ideia do prestígio e da visibilidade dos antecessores dos nossos Tarcísios, Cuocos, Fagundes e Fernandas no circuito cultural parisiense no século 18.

Uma outra fonte, útil para formar uma ideia do Théatre-Italien (ou Commédie Italiennede Paris vocês encontram abaixo:

http://fr.wikipedia.org/wiki/Théâtre_italien_de_Paris

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